LEDforum 2013:
recorde de congressistas
O Fórum novamente superou expectativas com sua 4ª edição, reafirmando-se como evento fundamental na agenda da iluminação brasileira
4° LEDforum
Aconteceu nos dias 1º e 2 de agosto de 2013 a 4ª edição do LEDforum, o principal evento de lighting design e iluminação no Brasil. O evento foi realizado no Hotel Tivoli Mofarrej, na cidade de São Paulo, e reuniu mais de 360 pessoas, entre congressistas, palestrantes e expositores, superando a marca de 2012 e, assim, crescendo pelo quarto ano consecutivo. O evento contou com o apoio técnico da AsBAI (Associação Brasileira dos Arquitetos de Iluminação) e da IALD (International Association of Lighting Designers) e teve a direção de conteúdo do editor-chefe da revista L+D, Thiago Gaya, e do arquiteto e lighting designer Orlando Marques. “Com a escala de aplicação cada vez mais abrangente, falar de LED hoje é falar de iluminação. Entender os conceitos da iluminação é o primeiro passo para a correta utilização e aplicação de qualquer tecnologia”, afirmou Thiago Gaya em seu discurso de abertura. Com a assimilação cada vez mais efetiva da tecnologia LED, o fórum ampliou ainda mais o seu escopo, trazendo ao público presente conceitos de iluminação que vão além das apresentações técnicas sobre os diodos emissores de luz.
Algumas palestras, por exemplo, foram centradas na importância conceitual da relação entre luz e sombra. Merete Madsen discorreu sobre sua pesquisa de doutorado intitulada “Light-zones”, onde investigou o uso instrumental das zonas de luminosidade para auxiliar na criação de espaços, e na organização de seus elementos. Além disso, Madsen apresentou detalhes do projeto do hospital Rigshospitalet, desenvolvido na empresa onde trabalha em Copenhage. O projeto foi desenvolvido a partir de programação paramétrica com o auxílio de um programa plug-in ao sistema Rhino chamado Grasshopper, que avaliou num primeiro momento o desenho volumétrico do edifício em função do trajeto do sol. Num segundo momento, o programa analisou os parâmetros da incidência solar em relação às necessidades e aos tipos de espaços de arquitetura para, a partir de um algoritmo, definir os diversos tamanhos de aberturas de janelas e meios diversos de sombreamento. Produzindo dessa forma um projeto em que o caráter modelador da luz do dia é usado como dado essencial da arquitetura.
Já o espanhol Maurici Ginés iniciou sua apresentação citando o ensaio do escritor japonês Junichiro Tanizaki intitulado “Em Louvor da Sombra”, que utiliza como fonte de inspiração em seus projetos de iluminação. Ressaltou que o caráter de mistério e profundidade que busca ao adotar um partido conceitual exercita a sobreposição de camadas de luminosidade/escuridão, e que enaltece ora a translucidez de certos materiais, ora sua opacidade.Num “elogio à noite escura”, a chilena Paulina Villalobos contou do trabalho do projeto “Noche Zero”, onde um grupo com membros provenientes de diversos países e profissões se reuniu no deserto do Atacama, no Chile, e discutiu a importância da preservação do patrimônio cultural da contemplação do céu noturno e a redução da poluição luminosa. Além disso, Villalobos discorreu sobre as condições de saúde dos seres humanos e de diversos outros animais da fauna vizinha aos centros urbanos.
Com um caráter mais técnico, e de grande importância, a conferência de Paulo Willig trouxe para a discussão os parâmetros usados para a classificação dos LEDs, referentes ao IRC, o índice que mede o desempenho do LED na reprodução das cores. O atual sistema se utiliza apenas de oito cores parametrizadoras, contudo Paulo demonstrou como as medições do espectro vermelho são especialmente importantes para a percepção da luz branca pelo cérebro humano. Já a lighting designer brasileira Esther Stiller em sua apresentação preconizou a revolução do desenho das luminárias em função das características inerentes aos LEDs. Além disso, ela afirmou que a fonte permite uma variedade de potências, temperaturas de cor e tamanhos quase sem comparação com as fontes luminosas tradicionais.
Fernando Ulloa demonstrou como os sistemas de controle de acendimento e de automação atuam de maneira complementar ao sistema de consumo energético implantado pelo projeto, nas estratégias de bons resultados em sustentabilidade. A conferência do Professor Jan Ejhed (diretor do curso de Architectural Lighting Design na KTH em Estocolmo, Suécia) apresentou detalhes de sua mais recente pesquisa encomendada pelo Departamento de Tráfego sueco sobre a iluminação de túneis e tecnologia LED, em comparação à tecnologia tradicional de vapor de sódio de alta pressão. A investigação provou que a tecnologia LED oferece melhor reconhecimento visual em relação às distâncias com luminâncias de 3.2 cd/m2 e 4.2 cd/m2 quando comparada com 6.7 cd/m2 da tecnologia de vapor de sódio. Quanto ao reconhecimento das cores, a pesquisa também apontou que 90% delas foi reconhecido sob luminância de 4,2 cd/m2 enquanto com a tecnologia de vapor metálico sob luminância de 6.7 cd/m2, 79% das cores foi reconhecido pelos observadores, resultado que surpreendeu os pesquisadores. Na segunda parte da palestra, o Prof. Jan, juntamente com Diana Joels, apresentou os resultados do workshop realizado pela AsBAI com apoio da L+D. Eles demonstraram a metodologia de trabalho e os resultados da análise da percepção noturna dos espaços da Avenida Paulista, a partir da perspectiva do pedestre.
Em ambos os dias, as conferências de encerramento apresentaram projetos desafiadores: a lighting designer carioca Mônica Lobo contou sobre o trabalho desenvolvido no Novo Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro, onde conciliou as demandas projetuais do conceito do projeto de arquitetura do escritório americano Diller Scofidio, com um orçamento limitado para os equipamentos de iluminação e o atendimento à certificação LEED. O alemão Gerd Pfarré falou sobre o desenvolvimento do projeto para a estação de metrô Hafencity, em Hamburgo, na Alemanha (o projeto foi o vencedor do IALD Radiance Award 2013 e capa da edição 44 da revista L+D), onde o uso de sistemas de mudança de cores em luminárias que remetem a contêineres suspensos conferiu riqueza à experiência espacial das plataformas da estação.
No mosaico de assuntos tão diversos do fórum, uma nova vertente foi aberta pelo norte-americano John Martin (da IALD) e pelo lighting designer brasileiro Gilberto Franco (membro da IALD e AsBAI) ao discutirem a profissão do lighting designer. Uma dinâmica muito interessante foi estabelecida com a plateia, criando mais questões aos profissionais presentes do que respondendo às perguntas, como por exemplo: um profissional de iluminação deve necessariamente ter formação em arquitetura? Como este dado interferiria no reconhecimento da profissão pelo CAU (Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil)? No entanto, deixaram claro que quanto mais nítida for a definição da profissão, mais visibilidade e credibilidade ela terá.
A diversidade de temas marcou o LEDforum 2013, um evento que reinventa seu conteúdo a cada ano e já está na agenda anual dos profissionais de iluminação. Dois dias de intenso intercâmbio de informações e networking onde todos os participantes sairam, certamente, muito enriquecidos pelos conhecimentos trocados.